quinta-feira, 15 de abril de 2010
Pequenas alegrias urbanas (22) -- Oi, Nice
O rapaz vestiu uma camisa extravagantemente havaiana, um calção de escoteiro que escancarava suas pernas peludíssimas, um capacete de astronauta e, com uma tabuleta presa no pescoço - Eu te amo, Nice --, se pôs a andar pelas ruas do centro da cidade. No terceiro dia, foi finalmente descoberto por um canal de tevê que se dispôs a fazer uma entrevista e ouvir sua história de amor. Ele contou então ao vivo, para milhões de telespectadores (como proclamou o apresentador do programa), que Nice era uma garota de dezoito anos, morena, de olhos castanhos, que ele tinha conhecido num shopping e precisava reencontrar, se quisesse ser feliz. Enquanto o apresentador fazia um apelo - Nice, ouça o seu apaixonado -, o rapaz, que não conhecia Nice nenhuma, imaginava o efeito que aquilo tudo provocaria em Jênifer, uma loira de trinta anos e olhos azuis, o ciúme dela ao ver que tinha rejeitado um homem agora famoso e requisitado (dezenas de mulheres já haviam ligado para o programa dizendo ser ele o rapaz mais atraente que elas conheciam).
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