sábado, 24 de abril de 2010
Pequenas alegrias urbanas (52) -- A alma
Na missa de corpo presente, quando o padre rogou a Deus que desse paz à alma do morto, os soluços se ouviram com mais nitidez e pungência. Com o rosto lavado pelas lágrimas, a mulher e a filha do finado precisaram ser amparadas. Ao fundo, acompanhando de longe o ato, uma mulher não impediu que duas lágrimas escorressem sobre uma foto na qual ela, alguns anos antes, era abraçada por um homem. Depois de enxugá-las com discrição, recompôs-se, sorriu amargamente e disse baixinho, para ninguém ouvir: "Alma? Como se ele tivesse alguma..."
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