quarta-feira, 17 de abril de 2013
Hoje à tarde,
andando pela avenida do Cursino, tão feia e desfigurada pelo tempo, resolvi rever uma área que foi o palco principal de minha infância: ruas Gil Fernandes, André Mendes, Tuiucuê e mais meia dúzia delas por ali. Essa parte do Jardim da Saúde se conservou melhor. Nesta cidade desordenada, o bairro nasceu com um planejamento seguido à risca e guarda ainda muitos traços dessa organização. Árvores, muitas árvores, das quais provavelmente (alô, Geraldo Nunes) terá se originado o seu nome. Sob uma delas, uma noite, vivi minha primeira grande catástrofe amorosa. Desabei ali, depois de uma bebedeira à qual meus quinze anos não ofereceram muita resistência. Por anos e anos, lembrei-me desse episódio e continuei a lamentar uma rejeição que depois acabei assimilando. Tinha escrito para uma garota chamada Irene um acróstico (a quantas loucuras o amor nos empurra) e, tímido como ainda sou hoje, pedi a um amigo que o entregasse a ela. Resumo: estou esperando a resposta até hoje. O instinto de autodefesa me levou posteriormente a imaginar que talvez esse amigo, embora jurasse que sim, não tivesse se desincumbido da missão. Jamais saberei. Naquela noite, com o susto que dei à família (farmácia, injeção, gritos de o rapaz morreu), era razoável que eu tivesse aprendido a lidar com o amor. Não aprendi. Continuo indefeso diante dele e, se em alguma coisa melhorei, talvez tenha sido nos versos, um tantinho melhores que os daquela época. Recordar um dos versos das cinco linhas do acróstico me dá a certeza de que Irene talvez tenha perdido um bom namorado, mas certamente se livrou de um péssimo poeta. Era assim: "Resplandeces mais que um monumento"...
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