"ESTE PÃO QUE VENHO ABRIR
Este pão que venho abrir foi outrora centeio,
este vinho sobre uma ramada desconhecida,
ficou submerso nos seus frutos;
o homem em cada dia, em cada noite o vento
arrancaram a alegria dos cachos e derrubaram as searas.
Com o vinho, outrora o sangue de estio
palpitava na carne que ornamentava a videira,
outrora neste pão
era feliz sob o vento o centeio;
mas o homem despedaçou o sol e abateu o vento.
Esta carne que despedaças, este sangue
que traz a desolação pelas veias,
com os cachos e o centeio
nascidos das raízes e da seiva dos sentidos;
este meu vinho que bebes, este pão de que te alimentas."
(Do livro A mão ao assinar este papel, tradução de Fernando Guimarães, publicado pela Assírio & Alvim, Lisboa.)
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