segunda-feira, 1 de abril de 2013

Um poema de Dylan Thomas

"ESTE PÃO QUE VENHO ABRIR

Este pão que venho abrir foi outrora centeio,
este vinho sobre uma ramada desconhecida,
ficou submerso nos seus frutos;
o homem em cada dia, em cada noite o vento
arrancaram a alegria dos cachos e derrubaram as searas.

Com o vinho, outrora o sangue de estio
palpitava na carne que ornamentava a videira,
outrora neste pão
era feliz sob o vento o centeio;
mas o homem despedaçou o sol e abateu o vento.

Esta carne que despedaças, este sangue
que traz a desolação pelas veias,
com os cachos e o centeio
nascidos das raízes e da seiva dos sentidos;
este meu vinho que bebes, este pão de que te alimentas."

(Do livro A mão ao assinar este papel, tradução de Fernando Guimarães, publicado pela Assírio & Alvim, Lisboa.)

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