sexta-feira, 12 de abril de 2013

Vantagens

Alguns velhinhos se dizem mais felizes no asilo do que eram em casa. Têm com quem conversar, jogam dominó, as refeições são servidas sem um minuto de atraso, às vezes há até sobremesa e, em ocasiões especiais, o piano é aberto e uma irmã de caridade toca hinos religiosos. Há uma biblioteca, em que se podem encontrar biografias de santos, e um jardim muito bonito. Médicos e dentistas voluntários fazem visitas regulares e até uma psicóloga recém-formada de vez em quando vai conversar com algum velhinho que pareça deprimido. Um deles conseguiu cortar os pulsos na semana passada, mas ninguém até agora estranhou sua ausência. Os velhinhos não foram abandonados só pelas famílias, mas também pela memória.

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