domingo, 30 de junho de 2013
Hei de...
... morrer de ternura, de uma dessas ternuras bobas às quais dou tanta importância. Uma ternura inexplicável, descabida, como a que me toma quando vejo uma criança arrastada pela mãe porque não quer voltar para casa. Uma ternura infantil por um gato desconhecido que me dizem ter morrido atropelado na estrada de M'Boi Mirim. Uma ternura causada pela lembrança de um personagem de Dickens ou por dois acordes da pavana de Ravel. Hei de morrer de ternura pelo menino que fui, tão promissor, e que se transformou neste adulto execrável. Hei de morrer de ternura, ainda que não mereça.
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