domingo, 30 de junho de 2013
Dormir é...
... sempre uma trégua, um simulacro daquilo que há de ser o grande descanso. Mesmo sofrendo os pesadelos com que a consciência culpada nos castiga, é bom dormir. A esperança já nos abandonou e há tempo não somos mais enganados por ela com aqueles sonhos que antigamente nos faziam sorrir. Ah, esperança, quanto engodo, quanta traição no teu verde. Um homem sabe que está irremediavelmente velho quando não apareces mais para ele de madrugada, com teus galhos sobrecarregados de frutos. É o tempo em que a verdade se instala na alma. Os pesadelos não mentem, são uma alegoria das trevas para as quais deslizaremos num dia cada vez mais próximo. Não importunaremos mais ninguém com aflições amorosas e maus poemas.
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