domingo, 30 de junho de 2013

Autocomiseração

Talvez eu deva, agora que o sol já quase sumiu no horizonte, ser condescendente comigo e ir glorificando as poucas passagens belas de minha vida. Não propriamente torná-las épicas, mas dar-lhes um colorido que naquele último momento - em que dizem passar dentro de nós um filme de tudo que aconteceu conosco - justifique nosso derradeiro sorriso. Ando pensando nisso. Só nos episódios do amor eu não precisarei de empenho para melhorá-los. Praticamente não venho fazendo outra coisa, e eles já foram tão maravilhosamente modificados pelo meu agradecido coração, que muitas vezes eu imagino se não serão de outro aquela história, aquele sol na avenida, aquela galeria, aquele café, aqueles livros na estante, aquela mão pegando um cuidadosamente para oferecer-me, como se ele fosse um passarinho.

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