"Scott estava apaixonado por sua mulher e tinha grande ciúme dela. Durante nossas caminhadas, falou-me muitas vezes do tal romance que ela tivera com o piloto naval francês mas, depois desse caso, parece que ela jamais tivera outro. Naquela primavera, porém, o problema existia em relação a outras mulheres. Nas noitadas em Montmartre Scott receava ficar inconsciente e tinha horror de que isso acontecesse com ela também. No entanto, tornarem-se inconscientes pela bebida sempre fora o mecanismo de defesa que ambos usavam. Embora a quantidade de uísque ou de champanha que ingeriam fosse inócua para qualquer pessoa acostumada a beber, era o bastante para derrubá-los e eles dormirem como crianças. Muitas vezes eu os vi inconscientes, parecendo antes anestesiados do que bêbedos, e seus amigos - ou por vezes um motorista de táxi - tinham que botá-los na cama. Quando despertavam, no dia seguinte, sentiam-se felizes e descansados, pois a dose de álcool que os derrubava não era suficientemente grande para afetar seus organismos."
(De Paris é uma festa, tradução de Ênio Silveira, publicado pela Civilização Brasileira.)
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