terça-feira, 10 de setembro de 2013
Da carne e do sexo entre os românticos
Os bons poetas da escola romântica ou morreram jovens ou deixaram de poetar. Não há movimento literário que tenha sido mais atormentado pelo Diabo. Os românticos padeciam febres sexuais que tentavam sublimar atribuindo-as ao amor extático, aquele das virgens e dos mártires. Em seus poemas, as mulheres amadas têm o status de mães e irmãs, todas puras, todas santas. Os românticos tinham medo do sexo, e aversão por ele, ou pretendiam ter, e esse medo era o ingrediente exato para evocar a imagem do fruto proibido. Álvares de Azevedo é, no Brasil, o exemplo mais forte e mais brilhante. Um beijo, para os românticos, era ao mesmo tempo uma epifania e uma danação. Talvez nesse binômio esteja uma boa pauta para as revistas que se dispõem a tudo ensinar sobre sexo. Chega de balinhas de hortelã e similares, de exercícios labiais e palavras-chave que serão ditas antes, durante e depois. Mais culpa, mais profanação. Se Deus e o Demônio estiverem presentes num beijo e os famosos sinos começarem a soar, os amantes não os ouvirão. Estarão no céu, ou no inferno, e não se importarão nem um pouco se, continuando a beijar-se, estarão para sempre condenados a um, ao outro, ou aos dois.
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