sábado, 26 de outubro de 2013

Concessão

Continuarmos respirando é uma das concessões que o amor nos faz. Não lhe servimos mais para nada, agora. Há quem, melhor do que nós, saiba como mover os pés num bolero, desafivelar um sutiã e conduzir os lábios pelas sutis geografias do corpo. Mas depois, quem sabe? Talvez ninguém se revele mais hábil do que nós na arte de, após um baile, limpar o assoalho com a língua que procura, entre tantas marcas deixadas no salão, as deixadas por aquele par de pés antes que eles sorrateiramente se encaminhassem para a varanda enluarada, em busca de beijos e volúpias.

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