sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Dois tempos
Houve o tempo de cantar o amor, e nós o cantamos. Como todo amor que se mereça, ele se fez de rogado e a cada palavra, a cada chamado, a cada apelo, se afastava um pouco mais de nós. Nossa voz atravessou rios, montanhas, invadiu sem passaporte países e mais países. Ele se escondia sempre, e tão bem, que gastamos nossas últimas energias, nosso derradeiro sangue nas veias tentando trazê-lo para nós. O generoso tempo sempre traz uma solução santa: ou a sabedoria de calar ou um câncer de garganta.
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