quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Lebre

Foi há muito tempo, eu era pouco mais que um menino, quando vi a lebre na Paulista. Eu a persegui, sabia que o único que a merecia era eu, que ela havia nascido para mim. Era uma lebre gorduchinha, simpática, branca, toda branca. Enquanto corria atrás dela, eu já nos imaginava brincando, eu me antevia fazendo-a dormir no sofá. Não a alcancei. Ainda a vi ser puxada para dentro de um carro por um homem cujo rosto amaldiçoarei por todos os séculos. Depois desse dia, não me valeu mais nenhuma religião ou filosofia.

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