quarta-feira, 6 de novembro de 2013

"Pobre Angélica Freitas", poema de Fabrício Corsaletti

"cada um tem a monstrinha que lhe cabe
e faz dela o que bem quer
ou o que pode

Frida Kahlo
levava sua monstrinha ao teatro
para torná-la sociável
mas voltava pra casa
mais triste que seus autorretratos
sua monstrinha não gostava de teatro

César Vallejo
não passeava com sua monstrinha
queria mantê-la monstruosa
por isso só conversava -
com sua cara de morte -
sobre assuntos de morte
mas sua monstrinha não era a morte

pobre César Vallejo
pobre Frida Kahlo"

(Do livro Esquimó, publicado pela Companhia das Letras.)

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