"Vejo-te melhor no escuro.
A luz me é desnecessária -
Meu amor por ti é um prisma
Que o violeta ultrapassa.
Vejo-te melhor pelos anos
Que entre nós fazem curvas -
Do mineiro, basta a lâmpada
Para que a mina se anule.
E bem melhor te verei na tumba:
Suas estreitas galerias
Acesas serão - e rubras - com a luz
Que tão alta para ti tenho mantido.
Que utilidade há no dia
Para quem, em sua treva,
Um sol possui tão imenso
Fadado a pairar no Meridiano continuamente?"
(Do livro "Poemas escolhidos", tradução de Ivo Bender, publicado pela L&PM.)
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