domingo, 6 de junho de 2010
Pequenas alegrias urbanas (181) -- O aniversário
Comeu três, quatro, cinco empadas e, depois, achando que naquela noite merecia, esvaziou a bandeja. Cortou um terço do bolo e o enfiou direto na boca, engasgando e tossindo migalhas sobre os brigadeiros. Tomou também toda a garrafa de vinho, no gargalo, e lamentou não ter outra, até abrir a geladeira, onde estava uma dúzia de cervejas, das quais bebeu cinco, latinha a latinha, até sentir uma alegria que o fez subir cantando até o quarto, onde, no criado-mudo, esperava por ele o revólver com que, cinco minutos mais tarde, conforme havia planejado, acabaria com sua vida se até as oito horas não tivesse tocado a campainha nenhum parente ou amigo para lhe desejar um feliz aniversário.
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