quinta-feira, 11 de abril de 2013

Digo boa noite...

... ainda que tardiamente. Estender o prazo de validade até amanhã, quem sabe. Digo boa noite porque preciso dizer algo, porque nasci para dizer algo e desastradamente digo tudo sempre errado. Dizer bom dia, boa tarde e boa noite é na verdade, para mim, um exercício em que me arrisco pouco - se bem que eu tenha usado tão mal as palavras que, até nessas, tão simples, me sinto sujeito a cometer gafes. Por muitos anos tentei aprender a arte da expressão e fui buscando palavras raras, aquelas que ninguém ou somente muito poucos conheciam. Distanciei-me das palavras comuns, daquelas que movem a vida diariamente, e hoje falo uma língua que conviria a um homem muito presunçoso que falasse somente para si mesmo, diante do espelho. Sonetos, odes, tudo que fiz com a pretensão de alcançar a obra-prima, tudo, tudo eu trocaria pela satisfação de haver escrito a quadrinha da batatinha quando nasce. Estou cansado, extremamente cansado e desiludido. Não fui enganado pela literatura, simplesmente não estive à altura de fazê-la. Assim como não estive jamais preparado para aquilo que qualquer homem sensato sabe reconhecer como sua principal tarefa: a de viver. Pode presumir que viveu um homem como eu, que ainda não sabe dizer convincentemente bom dia, boa tarde ou boa noite? Pode um homem como esse esperar que alguém lhe responda?

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