quarta-feira, 5 de junho de 2013
Quando a...
... tristeza nos escolheu, sabia muito bem o que estava fazendo. Antes de pôr a mão em nosso ombro e sugerir que a acompanhássemos, ela sabia, já, que nosso corpo e nossa alma estavam prontos para aceitá-la e recebê-la. Éramos fracos, desajeitados, despreparados, e as canções que os outros cantavam não faziam ferver nossas veias nem estimulavam nossa voz. Olhávamos para eles e sentíamos que seríamos sempre inferiores. E lastimávamos a fragilidade de nossos braços, tão incapazes de abraçar a vida. E deplorávamos a falta de volúpia que nossos lábios revelavam diante dos frutos sobre cujo mel pairavam as moscas. E, enquanto os outros se atiravam às conquistas do sangue e da carne, nós sonhávamos com êxtases da alma. A tristeza, assim que nos viu, optou por nós. Logo percebeu em nossos olhos, como não viu nos olhos de ninguém, nosso anseio de buscar a beleza e de chorar pela impossibilidade de alcançá-la.
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