quarta-feira, 5 de junho de 2013
Seria bom, ah, seria,
voltar ao tempo em que eu ainda não havia firmado com as palavras o compromisso que hoje tenho com elas, e dizer por dizer, como tantas vezes disse, escancarando a janela para a manhã: "Que belo é o dia, que belo é o sol, que bela é a vida." E seria tão bom, ah, seria, sorrir o sorriso babado dos falsos, dos mentirosos, dos hipócritas. Pode-se exaltar a beleza do dia, do sol, da vida, quando a alma, atada ao poste do martírio, grita que não, implora que não, e suplica para que tudo termine logo, que tudo acabe, que se vá o dia, que se vá o sol, que se vá a vida? A única esperança da alma é que se apaguem o dia e o sol, e que a vida feche os olhos para receber a bênção da noite.
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