"Um professor criou um neologismo para uma arte (ou ciência) nova: eugeria, velhice feliz. Os gregos não tiveram o otimismo de juntar os dois elementos dessa palavra.
Andam a mexer muito com os velhos. Que a ciência procure dar-lhes meios efetivos de temperar a saúde, que as leis fixem recursos que lhes poupem penúrias e humilhações, que as famílias os acolham com respeito. Mas querer iludi-los com estimulantes morais, discutir as tristezas deles em público, isso é impertinência. Cuidá-los como crianças, engabelá-los, isso os ofende.
Envelhecer... Meu mestre, frade franciscano, dizia que mesmo o mais santo dos papas gostaria de ser mais moço. Mas o homem tem de aguentar as consequências humanas com orgulho ou raiva: só um velho palerma, indigno da verdade, iria acreditar que não é velho, que a velhice não existe, que a vida é sorriso."
(Do livro O amor acaba, publicado pela Companhia das Letras.)
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