sábado, 1 de junho de 2013

Um soneto de Pierre Ronsard

"Quando fores bem velha, à noite, à luz da vela,
Sentada ao pé do fogo, e dobando e fiando,
Dirás, aos versos meus, e te maravilhando:
'Ronsard me celebrava ao tempo em que era bela.'

Não terás serva então que, a ouvir notícia tal,
Ao peso do labor já meio cochilando,
Ao meu nome não vá logo se despertando,
Bendizendo o meu nome em louvor imortal.

Eu, debaixo da terra, um fantasma sem osso,
Pela sombra murtosa acharei meu repouso;
Tu, ao pé da lareira, uma velha encolhida,

Vais chorar meu amor e tua soberba vã.
Vive, se me dás fé, não deixes pra amanhã:
Colhe já, sem temor, as rosas desta vida."

(Do livro Poetas franceses da Renascença, tradução de Mário Laranjeiras, publicado pela Martins Fontes.)

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