quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Da beleza

Quando vejo tua beleza e sinto que outra, igual, só poderia ser a tua mesma, vinte anos atrás, penso no homem que contemplou então essa beleza, que a tocou, que a adivinhava quando com os olhos fechados pelo prazer a apalpava, e me dói uma inveja dolorosa, lancinante, quase bíblica. E me pergunto como ele pode viver agora, como ele consegue, como, como, se a beleza para ele for hoje só um brilho esporádico na sua lembrança ou, estando talvez ainda ao alcance dos olhos, não se dê mais aos dedos, aos lábios e ao corpo que mergulhava nela querendo todas as vezes se afogar em delícia e esplendor.

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