segunda-feira, 7 de outubro de 2013
Sobre "Alabama song"
Terminei a leitura do romance de Gilles Leroy e gostei muito. Ele assume a voz de Zelda e parece mais Zelda do que Zelda. Como uma mulher como ela, doida, debochada, rebelde, inconsequente, pode ter sido tão fascinante e haver mantido isso até hoje? A pergunta seria diferente: como, sendo assim tresloucada, promíscua, putinha, putona, destrutiva e autodestrutiva, ela poderia deixar de ter esse fascínio? Aos admiradores de Hemingway, principalmente daquele mito de masculinidade que ele pretendia encarnar, recomenda-se que não leiam o livro. E aos que veem em Scott um pobre homem que atingiria as estrelas se não fossem a perniciosidade e o vampirismo de Zelda, recomenda-se o mesmo. Que homenzinho ridículo surge das páginas do livro, um inseto que para estudo se recolhe numa pinça. Alabama song não é uma biografia da mulher Zelda. Não há biografia possível da mulher Zelda. Zelda foi um mito, um furacão, algo inapreensível e imensurável. Gilles Leroy entendeu isso muito bem, eu acho.
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