"Quando chegamos ao chá-chá-chá olhei para a mulata grande que entrou há pouco e que agora se levantava para ir embora. Ficou uma fração de segundo (esse é o tempo que dura a felicidade, diga o que diga o Tao) entre parada e sentada, quase de costas para mim, e não pensei em Ingres porque esta odalisca estava viva e sua carne não tinha nada de mármore e sim muito de algo necessariamente comestível. Ambrosia. Mulhersia. Por que não bebestível? Néctar. Licor não espirituoso mas corpóreo. Que púberes canéforas me oferendam o encanto porém sobre minha tumba - pensei que não há maior prazer que a sabedoria da existência das mulheres - que não se derrame o pranto e sim o sorriso de seus grandes lábios - que ao deixá-las para trás ao morrer esse saber não permitirá que haja sossego em minha tumba - Flor de Lótus, Honey, Panida, Pã eu mesmo, osso buco, bode expiatório pelo conhecimento carnal."
(Do livro Delito por dançar o chá-chá-chá, tradução de Floriano Martins, publicado pela Ediouro.)
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