domingo, 17 de novembro de 2013

De Elizabeth Bishop sobre a poesia

"Se a poesia tem um público reduzido, a culpa é também dos poetas e, mais especificamente, das revistas que os publicam. Mais do que qualquer outra arte, a poesia se manteve distante da vida. A poesia é confinada ao ambiente incestuoso e sufocante da academia. As principais revistas de poesia (em geral, ligadas a universidades) são totalmente vegetarianas - olhe para uma pilha delas, não há um bom pedaço de carne ali.
   A poesia oficial norte-americana se tornou respeitável demais. E, nas artes, ser respeitável é uma forma de paralisia, assim como ser sentimental é uma forma de morte. Baudelaire, Rimbaud e mesmo Shakespeare já demonstraram claramente que a poesia está tanto no bordel e no abatedouro quanto no jardim de rosas e no meio da floresta. Ainda que os beats não tenham feito nada de mais (além de dar vida a Gary Snyder, um dos poetas de leitura mais prazerosa do mundo), eles tiraram a poesia da sala de estar e a colocaram nas ruas, que é o seu lugar."

(De uma entrevista a Tom Robbins em 1966, transcrita no livro Conversas com Elizabeth Bishop, tradução de Heci Regina Candiani, publicação da Autêntica.)

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