segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Segundas-feiras

Segundas-feiras assim são propícias à nossa alma. Nenhum engodo de sol, nenhuma faísca de esperança, nenhuma falsa propaganda. Olhamos para fora e é como se olhássemos para dentro. Estamos na nossa masmorra, com pão e água próximos de nós, e não temos motivo para duvidar de que a vida é isso mesmo, uma peça monótona que, por falta de melhor escolha, somos obrigados a viver até que o texto chegue ao final. Faremos nosso papel, escreveremos nossos poemas desencontrados, mas já estamos nesse drama há tanto tempo que já sabemos que no terceiro ou quarto atos, nem lembramos mais, já não tínhamos por que continuar. Estamos na peça errada, mas o diretor vigia nossos movimentos e, mesmo que conseguíssemos fugir agora, não alcançaríamos a heroína, que já vai longe com o herói, plantados os dois numa cama redonda de motel. Pelas pernas dela escorre algo que talvez tivéssemos como lhe oferecer também, se o autor nos desse o nome daquele que faz girar a cama sempre, sempre. A vida é uma questão de nomenclatura.

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