Bom tempo este
em que já não precisas de nada
em que sonhos novos não tens
e os velhos ideais
ficaram todos para trás
Já não te importa
que entreguem prêmios
a gente viva
a gente morta
e misturem josé joão
com carlos drummond
Se fraudarem concursos
não entrarás com recursos
pela irretorquível razão
de não participares de mais nenhum
Teu dever hoje é só
o de respirar
firmar-se bem
na bengala
sem tropeçar
Tomar os remédios
um a um
direitinho
sem pular nenhum
Pensamentos de fama
não abrigar
nem ambição
e jamais olvidar
que a literatura e a sua glória
são as duas uma só ficção.
Deixar o dia passar
simplesmente passar
sem reparos ou reflexão
e - isto é o principal -
não esquecer jamais
de pôr limão no teu chá.
quinta-feira, 24 de abril de 2014
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