"Ele não é um ser humano ruim. Aomame tentava se convencer. Ele até que transou bem. Teve inclusive o cuidado de segurar a ejaculação até o momento de ela gozar. O formato de sua cabeça e o estado de sua calvície também lhe agradavam. O tamanho do pênis também era dos bons. Era um homem educado, se vestia bem e não era do tipo mandão. Sua criação deve ter sido boa. Mas suas conversas eram maçantes a ponto de deixá-la irritada. Mas isso não era algo tão grave a ponto de ela ter de matá-lo. Com certeza não."
Essa coisa foi extraída do início de 1Q84, romance (!!!) de Haruki Murakami. Na orelha do livro, diz-se que Murakami deu aulas em Princeton. Não explica de quê - talvez de compostagem. Não é necessário ser crítico para jogar essa droga na primeira caçamba. No entanto, parece que os leitores já deram a essa literatice a honra de atingir uma trilogia. Será que o sexo anda tão mal praticado que isso possa causar ao menos uma comichão um palmo abaixo do umbigo? Comparado com ele, Carlos Zéfiro é um gênio. Imagino que os livros dos famosos tons de cinza trilhem o mesmo caminho. Livros que narram e detalham o sexo acabam sendo defendidos sob a suposição de que as críticas se dirijam a esse ponto, à intimidade de dois ou mais três seres humanos numa cama. Alguns chegam a ser considerados libertários. Não é o caso, certamente. Murakami não tem o direito nem de chacoalhar as bolas de D.H. Lawrence. O amante de Lady Chatterley é literatura. O que Murakami escreve é outra coisa. Que se tire o chapéu para ele num aspecto: requer-se muito capricho para ser ruim desse jeito. As outras mil quatrocentas e catorze razões para não ler Murakami são mais fáceis de achar do que qualquer leitor imagina. Melhor não procurá-las.
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