"Yoko Ono deve ser uma das pessoas com pior imagem que há na Terra. A grande maioria das opiniões sobre ela é tão radicalmente negativa que chega a ser difícil acreditar. Foi qualificada de ambiciosa ao extremo, de dura, violenta e egocêntrica; de calculista e insensível. "É uma pedante insuportável", dizia dela Truman Capote: "a pessoa mais desagradável do mundo". Ono se considerava uma artista genial e reivindicava para si a criação do Flower Power, do happening e da arte conceitual; segundo ela, seu imenso valor não havia sido reconhecido por causa do racismo e do machismo. A obra de Ono não parece grande coisa: pequenas engenhosidades conceituais como fazer um quadro com um buraco no meio através do qual ela apertava mãos; happenings que consistiam, por exemplo, na aparição de Yoko em um cenário, vestida de preto e com umas tesouras grandes para que os espectadores fossem cortando suas roupas em pedacinhos; filmes vanguardistas como Bundas (retratos de 365 traseiros de pessoas) ou Sorriso (55 minutos com a cara de John Lennon mostrando a língua e sorrindo); e discos sofríveis e insuportáveis recheados de gorgorejos. Mas ela devia ter alguma razão quanto à discriminação por ser mulher e oriental, pois outros artistas atingiram o estrelato sem fazer muito mais que isto."
(Do livro Paixões, tradução de Maria Alzira Brum Lemos e Ari Roitman, publicado pela Ediouro.)
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