"... Aproveitei a folga para olhar uma mulher já madura (uma mulher madura para mim é quase uma adolescente para Balzac: aquela era uma femme de trinte ans) que era uma habituée. Vinha todas as noites ao Carmelo acompanhada por seu marido, um médico ou um barbeiro de aspecto científico. Sentavam-se sozinhos, mas um pouco depois havia um grupo de homens que vinham e a rodeavam e falavam com ela e riam com ela, e, às vezes, conversavam com ele. Gostava de seu riso, seu belo rosto, descobridor, suas pernas bem formadas, um pouco gordas, porém mais que de outra coisa gostava de sua generosidade total: com seu riso, com seu encanto, com seu corpo, que exibia a todo o universo. Em algumas ocasiões sentia um pouco de pena pelo marido, mas somente em algumas ocasiões. Cheguei a pensar que Maupassant teria gostado desse casal, apesar de que ela lhe teria agradado mais do que ele. Também pensei neste dia ou talvez em outro que Tchekov não teria gostado de nenhum dos dois e que Hemingway (o jovem H) teria gostado dele como herói autobiográfico."
(Do livro Delito por dançar o chá-chá-chá, traduzido por Floriano Martins e publicado pela Ediouro.)
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