A Edição de Esportes preencheu um vazio causado pela circunstância de que por muitos anos o jornal não foi publicado às segundas-feiras. Na terça, os jogos e as competições do domingo já eram notícias frias. Da Edição de Esportes, lançada para ser vendida em banca, objetivo que cumpriu com muito sucesso por vários anos, e das experiências proporcionadas por ela na diagramação, nos textos, nas fotos e em tantas outras áreas, surgiria o suporte para a criação do Jornal da Tarde. Na dúvida entre dizer que a Edição de Esportes era o xodó ou a menina dos olhos de Luiz Carlos Mesquita, uso as duas expressões, embora sejam descarados lugares-comuns. Melhor dizendo, era a paixão dele. Mas cabe fazer uma correção, aqui: Luiz Carlos Mesquita não era Luiz Carlos Mesquita. Era, para todos, o Carlão. Em todo meu tempo de jornal, ele foi certamente o Mesquita mais querido. Imagino a decepção dele no domingo em que a Edição de Esportes noticiou a morte de Gualicho, o mais famoso cavalo de corrida do Brasil. Salvo engano meu, era um texto enorme, de página inteira. Na parte principal se falava das suas vitórias em Grandes Prêmios. E havia textos auxiliares. Num deles se dizia que, como reprodutor, ele não tinha sido bem-sucedido. Resumindo, seus filhos eram maus filhos, nenhum deles havia chegado a ser campeão. O texto era assinado pelo redator especializado em turfe, Antero de Castro. Saiu assim o título, com a troca de uma vogal:
MORRE GUALICHO, PAI DE MEUS FILHOS
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Antero de Castro
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Curioso que naquele domingo - porque vinham saindo manchetes com incorreção, tinha sido escalado um revisor especialmente para fazer sua leitura. A partir desse dia, esse revisor passou, naturalmente, a ser chamado de Gualicho.
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