sábado, 23 de fevereiro de 2013
Presumivelmente um ser humano
As crianças ainda o recebem com carinho. Vai aos colégios falar de um ideal antigo, que ficou pelo caminho, embora ele não queira reconhecer. Vai falar de Flaubert, de Balzac, de Borges, de Tchekhov, como se os conhecesse. Escreveu alguns livrinhos que são seu álibi e consegue fazer com que os generosos meninos e as pacientes meninas o olhem com a educação que os professores lhes ensinaram ser devida a todos os seres humanos. É um ser humano, nesse sentido, recebido sempre com sorrisos e aplaudido no final de cada uma das reuniões em que seu assunto são coisas que não conhece. É um velhote a quem as crianças respeitam porque lhes disseram que um dia poderão vir a envelhecer também. Olham para ele e pensam: "Será? Melhor não."
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