"Talvez eu seja um maníaco da equidistância. Em cada problema que se apresenta, nunca me sinto atraído pelas soluções extremas. É possível que seja a raiz da minha frustração. Uma coisa é evidente: se, por um lado, as atitudes extremas provocam entusiasmo, arrastam os outros, são indícios de vigor, por outro, as atitudes equilibradas são em geral incômodas, às vezes desagradáveis, e quase nunca parecem heroicas. Em geral, precisa-se de bastante coragem (um tipo muito especial de coragem) para manter-se em equilíbrio, mas não se pode evitar que aos outros isso pareça uma demonstração de covardia. O equilíbrio é tedioso, ainda por cima. E o tédio, hoje em dia, é uma grande desvantagem que em geral as pessoas não perdoam."
(Do livro A trégua, tradução de Joana Angelica D'Avila Melo, publicado pela Alfaguara.)
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