quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
No jornal (Major Quedinho) - 31 - Doidos criativos
Contei, já, em duas ou três notas destas que venho escrevendo sobre o Estado, que a revisão era considerada o lugar mais apropriado para amansar loucos. Alguns desses doidos eram extremamente criativos, como aquele que concebeu dois engenhosíssimos métodos - um para facilitar a colocação de vírgulas, outro para a acentuação. O primeiro consistia em, fazendo em voz alta a leitura do texto, ficar atento ao fôlego. Toda vez que ele faltasse, era hora de pôr vírgula. O segundo método era também de uma simplicidade exemplar: sempre que, na leitura, o pescoço se erguesse, isso indicava a necessidade de se acentuar a palavra: Catandúva, Jabuticába, cabrióla, frenesí. Consciente de sua responsabilidade, o genial inventor advertia que, no caso do primeiro método, poderia haver problemas e até distorções se o revisor estivesse com gripe ou resfriado. E o segundo não deveria ser usado quando o revisor estivesse com torcicolo. Alguém - sempre estão presentes nas ocasiões históricas os ressentidos com o sucesso alheio - acrescentou que o método também não funcionaria se o revisor tivesse esquecido o pescoço em casa.
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