sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

No jornal (Major Quedinho) - 12 - Góes

Numa tarde de quarta-feira, como eu só trabalhava à noite na revisão, pedi carona a Ludenbergue Góes (que se tornaria anos depois secretário do jornal e na época trabalhava na editoria de esportes) e fui, com ele, mais o fotógrafo e, naturalmente, o motorista, ao Parque São Jorge ver Corinthians x Jabaquara. Choveu muito, o jogo todo, e o Corinthians - o que era muito comum nesse tempo  - perdeu por 3 a 2. Eu estava de terno e gravata (!) e, na saída, precisei abrir os bolsos para esvaziá-los de água. Quando voltamos ao carro de reportagem (possivelmente uma kombi), fomos cercados por torcedores furiosos que atribuíam a derrota ao jornal, considerado por eles, com alguma razão, são-paulino. Ameaçaram virar a perua. Descemos, o Góes, o fotógrafo, o motorista e eu, e deixamos os torcedores à vontade: "Agora podem virar." E nos declaramos corintianos. Não sei se era cem por cento verdade (afinal, éramos quatro e por isso garanto só setenta e cinco por cento), mas acreditaram: podem ir, então. Era o dia 3 de agosto de 1960. Lá se foi a oportunidade de nos tornarmos mártires da imprensa. Não sei se o fotógrafo era Domício Pinheiro, que depois se tornaria um lendário pé-frio, mas é bem provável.

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