"Não há muito tempo, um pedreiro, que estava longe de ter uma situação folgada, desposou em Nápoles uma jovem e linda moça, chamada Peronella. Os recém-casados ganhavam penosamente a vida, um trabalhando a pedra, a outra fiando. Esta foi vista certo dia por um rapaz que a achou de seu agrado e dela se enamorou. Aproximou-se, falou-lhe, prestou-lhe gentilezas, e de tantas maneiras a solicitou que acabou por fazê-la aprovar sua paixão.
"Ficou combinado que o galã espreitaria o marido, que todos os dias saía de madrugada para ir trabalhar, e que logo depois ele entraria na casa, situada numa rua apartada e solitária, denominada Avorio. Este ardil foi bem-sucedido várias vezes, para grande gáudio do par amoroso, mas certa manhã aconteceu que, depois de o marido sair e João (era o nome do conquistador) chegar, o pedreiro, que de ordinário não aparecia durante o dia, voltou para casa. Encontrou a porta fechada; bateu, e disse consigo mesmo: 'Deus seja louvado! Se Ele me quis fazer pobre, pelo menos me fez encontrar uma mulher boa e honesta; vejam como fechou a porta, a fim de ficar a coberto de qualquer ultraje e da maledicência.'"
(Do livro Contos burlescos, tradutor não mencionado, publicado pela Editora Rialto.)
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