quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Os matadores

Um dos casais da novela - o que menos retorno dava na mídia - devia sair da trama. O diretor chamou o autor e lhe deu três capítulos para resolver a situação. Havia um sério problema: o ator e a atriz que interpretavam o casal eram muito famosos, estavam em decadência e, por isso, muito suscetíveis, com frequentes ameaças de suicídio. O autor tentou safar-se, mas o diretor insistiu. Não havia como resistir, porque a principal pressão vinha dos patrocinadores. Quatro capítulos se passaram e o casal continuava provocando bocejos nos telespectadores. O diretor (desta vez não o da novela, mas o do canal) chamou o autor: que desobediência era aquela? O autor disse que havia sugerido uma saída honrosa ao ator e à atriz: seus personagens sairiam da trama para morar em Londres, a convite da rainha. Seriam os dois primeiros personagens brasileiros de novela a receber essa honra. Mas eles não haviam aceitado. "Pois então vá você para Londres. A pé. E não volte", o diretor mandou. "Você está fora da novela e da televisão." Naquele mesmo dia, um dos coautores matou o personagem numa queda de helicóptero, e o outro matou a personagem de desgosto. Foi fácil. Não era a primeira vez que davam cabo de importunos. O serviço sujo sempre acabava cabendo a eles.

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