domingo, 3 de fevereiro de 2013

Talvez um dia

Talvez até lá
quando o tempo ´
já houver soprado
e lambido
todas as feridas
e a memória
tiver aprendido
a fingir
que não se lembra
do que as abriu

Talvez nesse tempo
já hajam inventado
palavras doces
(talvez eu mesmo
tenha conseguido)
palavras que possam
abelhas atrair
e beija-flores
palavras que eu
sempre quis te dizer
mas ainda não existiam

palavras que para
germinar dependiam
de um solo
regado pelo sofrimento
este que aprendi
nos longos dias
nas noites insanas
de tormento
em que o relógio
pingava os minutos
sem ti sem ti
sem ti

palavras que te digo agora
como se hoje fosse
o primeiro dia
e esta hora fosse
aquela, lembra?,
em que te conheci.

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