"Depois o jantar longo, muito longo. Eu quase nada disse. Quando voltamos para casa, as estrelas brilhavam através dos farrapos de nuvens e a lua pendia como a chama de uma vela. Havia uma lâmpada pequenina sobre a mesa; o fogo bruxuleava no teto de madeira branca. Era como se estivéssemos num barco. Conversávamos em sussurros, dominados por aquela discreta lampadazinha. Com naturalidade, despimo-nos ao lado da lareira. F. atirou-se ao leito.
- Está frio? - perguntei.
- Ah, não. Absolutamente, não.
- Viens, ma bébé. Não tenha medo. As ondas estão bem pequenas.
Com o rosto sorridente, os bonitos cabelos, uma pulseira no punho, ele parecia uma moça estendida no lençol.
A espada, a grande e feia espada, jazia sobre uma cadeira. O ato de amor pareceu algo incidental, tanto conversávamos."
(Do livro Diário & cartas, tradução de Julieta Cupertino, publicado pela Editora Revan.)
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