segunda-feira, 22 de abril de 2013
Talvez tivesse...
... me apetecido fruir tua carne, ainda que esse fruir fosse um roçar de lábios ou de braços. Mais do que isso eu talvez não houvesse suportado. Morreria de felicidade. Eras uma ideia, mais do que um corpo. Por esse roçar de lábios ou de braços eu me consumi noites e noites, enfebreci, enlouqueci. Quem quer, há de querer tudo. Minha falta de ambição era patética para mim e, imagino, também para ti. O que pode merecer quem aspira só a um roçar de lábios ou de braços? Talvez depois desse roçar, desses roçares, eu tivesse coragem de almejar alguma coisa mais, em que nunca me atrevi a pensar. Às vezes me acho tolo, às vezes me sinto bem-aventurado. Quase não te toquei, ou te toquei como um colecionador toca uma peça de porcelana. Já foi muito. Não se deve tocar uma ideia, nunca, seja ela qual for. Muito menos a mais preciosa de todas.
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