sábado, 15 de junho de 2013

Eu deveria ter...

... seguido todos os meus impulsos mais disparatados, tocado todas as campainhas, enviado todas as mensagens, pagado todos os micos e passado todos os carões. Eu deveria ter saltado de para-quedas na mais pública de todas as vias públicas, soltado panfletos amorosos de um helicóptero, alugado por algumas horas a van do vendedor de frutas para gritar pelo seu megafone meu afeto. Seria ridículo isso? Então era isso que eu queria, que eu deveria ter sido. Ridículo, estrondosamente ridículo. Que minha família pedisse à Justiça a declaração de minha incapacidade civil e que meus amigos comentassem, nas redes sociais, que sempre me acharam maluco. Ah, eu deveria ter feito isso, deveria. Seria triste? Triste foi ter sido ridículo com sonetos de pobre garimpagem e lamúrias de segunda mão. Já disseram que a maior vítima dos amores não correspondidos é a poesia.

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