sábado, 15 de junho de 2013

Hora de...

... guardar a sanfoninha, recolher no chapéu as moedas que me lançaram, ir para casa, escolher entre um miojo de quatro queijos e um de calabresa (infiel em tudo, traí também o vegetarianismo), esperar os três minutinhos de praxe e tentar imitar aquele huumm da Ana Maria Braga. A vida é ilusão, já dizia alguém (creio que Calderón de la Barca), e o miojo pode, com um pouco de imaginação e outro tanto de necessidade, parecer uma ambrosia. Com mais um exercício imaginativo, posso achar bonzinho o que escrevi hoje enquanto estendia o chapéu na ONG que cuida dos carentes de afeto e, com mais um tantinho de esforço, talvez eu até possa finalmente me convencer de que o amor, como a homeopatia e os bons perfumes, só é benéfico em pequenas doses e gotas minúsculas. E com o que, embora aluno relapso, aprendi no curso de teatro de Emílio Fontana, quem sabe consiga improvisar um monólogo em que eu gargalhe aos borbotões de tantos tolos que confundem amor com paixão e se empapuçam dele como novatos em rodízios de churrascaria.

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