domingo, 16 de junho de 2013

Será belo o dia

Será belo o dia, hoje. Não estará mais no parque o pássaro que naquela manhã dirigia galanteios a outro. Deve ter morrido, já tantos anos depois, ou migrado. Outras coisas mudaram aqui. O banco de pedra em que eu escrevia sonetos para você sumiu. Ou o quebraram ou o removeram. Mas a árvore que dava sombra a ele parece convidar-me a que eu me apoie nela e tente ao menos um quarteto. Talvez ela também precise expressar a perda nem tanto do banco, mas dos namorados que no fim da tarde vinham sentar-se nele e diziam aquelas curtas frases que são sempre as que melhor exprimem o afeto. Quem sabe se desprenda de um dos seus galhos uma folha em que ela, com sua linguagem vegetal, me conte para onde levaram o banco no qual eu me sentava, puxava o bloco e a Bic e, pensando em você, me achava por um instantes o melhor poeta do mundo.

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