quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sobre "Explicação dos pássaros", de Lobo Antunes

Dois livros me assombraram pela qualidade, este ano. Tê-los lido foi um maravilhoso prêmio, um acontecimento inesquecível na minha vida de leitor. Do primeiro, A pianista, de Elfriede Jelinek, já falei aqui. Do outro, Explicação dos pássaros, de António Lobo Antunes, falei também, à medida que o ia lendo. Romance notável. Lobo Antunes consegue, nele, narrar toda a trama num tempo único, com as vozes dos personagens, cada qual com suas verdades e mentiras, seus sonhos e misérias. Quando uma terceira pessoa, um autor, conta a história de um anônimo - e anônimos são todos no romance de Lobo Antunes -, pode sempre escapar-lhe algo que no fundo talvez seja o essencial. Se, porém, são os anônimos que falam, cada coisa tem o peso que eles lhe dão. Não é verdade que todos acham ter uma vida digna de um romance? O romance de Lobo Antunes são várias dessas vidas, contadas por pobres-diabos que se alçam à condição de heróis.

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