"Desde que recebeu a notícia da morte do filho, algo vem se esgotando nele, que talvez seja a solidez. "Sou eu que estou morto", pensa; ou melhor, eu morri, mas minha morte não chegou. A sensação do próprio corpo é de que é forte, rijo, e não cederá por vontade própria. Seu peito parece um barril com fortes anéis. Seu coração continuará batendo por muito tempo. Não obstante, ele foi arrancado do tempo humano. A corrente que o carrega continua avançando, ainda tem direção, e até sentido; mas esse sentido não é mais a vida. Ele é carregado por águas mortas, um rio morto."
(Do romance Dostoiévski, o mestre de São Petersburgo, traduzido por Luiz Roberto Mendes Gonçalves, publicado pela Editora Best-Seller.)
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