sexta-feira, 25 de outubro de 2013
O amor
O amor há de ser proclamado pelo vento, pela chuva, pelos passarinhos alvoroçados. Há de ser gritado pelo caminhãozinho da Cândida, do gás, do milho de Piracicaba, da uva de Jundiaí. Há de invadir a cidade, há de se esparramar pelas vilas medeiros, pelos parques novo mundo, pelos jardins ângelas. O amor há de ser ouvido na paulista, na brigadeiro, na angélica e na augusta. Há de impregnar o gosto e o aroma do café e de se insinuar no pãozinho de queijo do bar mais rastaquera. Há de se intrometer nas salas de aula e mudar todas as geografias e trocar todos os nortes e confundir todos os algarismos e ocultar todos os sujeitos de todas as frases de todos os livros. Há de entrar na boca do professor de alemão e fazê-lo dizer te quiero mucho à aluna mais bela e aplicada. Há de inspirar um gato a dar sete saltos mortais sem morrer uma vez sequer e há de fazer um vira-lata alimentado com ração americana latir I love you. O amor há de fazer isso e outras coisas que se espera que ele faça. O amor há de fazer um estardalhaço tão desmedido que pelo menos um som esmaecido dessa balbúrdia chegará a mim. Quando chegar, não sei se sorrirei ou chorarei. Será um bom dia este, com o amor gritando em todas as esquinas.
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