quarta-feira, 23 de abril de 2014

"1Q84"

Li ontem sessenta páginas de 1Q84, de Haruki Murakami - o suficiente para saber que é um romance de mero entretenimento, nada mais. Quem pretender ver nele alguma excelência formal desistirá já ali pela página 20. É um amontoado de lugares-comuns, de construções descuidadas, uma total falta de brilho. Murakami é um daqueles enchedores de linguiça capazes de dizer que alguém pegou um copo, o ergueu, o levou lentamente aos lábios, bebeu um gole, repôs o copo na mesa, alisou o bigode com o dedo médio da mão esquerda, puxou com o indicador um fio grisalho, pegou novamente o copo com a mão direita e deu um gole um pouco maior que o primeiro. Uma dose de inutilidades, de vacuidades, de desnecessidades, presente em cada parágrafo. Para os menos exigentes - que são sempre a maioria -, resta a curiosidade sobre a trama, o que Murakami, até onde li, conseguiu fazer bem. Se eu passar pela página 60, será por essa curiosidade. Não sei se a manterei. Prêmio Nobel para Murakami? Ah, contem-me outra, por favor.

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