"Neva. Alma, o que querias
Que não tiveras de nascença eterna?
Vê, tens aí
Mesmo para a morte um vestido de festa.
Um adorno tal qual na adolescência,
Dos que nas mãos se toma com cuidado
Pois seu tecido é transparente e fica rente
Dos dedos que o desdobram sob a luz,
Sabe-se que ele é frágil como o amor.
Mas nele estão bordadas certas folhagens,
E já se faz ouvir a música
Ali na sala ao lado, iluminada.
Misterioso ardor te toma a mão.
Vais, coração batendo, na nevasca."
(Do livro Obra poética, tradução de Mário Laranjeira, publicado pela Iluminuras.)
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