"CEM ANOS DEPOIS
Vamos passear na floresta
Enquanto D. Pedro não vem.
D. Pedro é um rei filósofo
Que não faz mal a ninguém.
Vamos sair a cavalo,
Pacíficos, desarmados:
A ordem acima de tudo,
Como convém a um soldado.
Vamos fazer a República,
Sem barulho, sem litígio,
Sem nenhuma guilhotina,
Sem qualquer barrete frígio.
Vamos, com farda de gala,
Proclamar os tempos novos,
Mas cautelosos, furtivos,
Para não acordar o povo."
"LÁPIDE PARA UM POETA OFICIAL
a morte enfim torceu
o pescoço à eloquência."
"VENEZA: COM OU SEM FESTIVAL
burocratas da arte: eis a cidade onde paradoxalmente
toda a beleza da vida flui pelos canais competentes."
(De Poesia completa de José Paulo Paes, publicação da Companhia das Letras.)
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