terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Kama Sutra - LXXXI

Assim como os peixes, ele nunca aprenderá. Pensar na mulher amada, só pensar, já o alvoroça quase à insanidade. Todo dia promete a si mesmo que mudará, mas não muda nunca. Hoje, como sempre, antes mesmo da chegada dela, ele já estava inquieto, andando em círculos, numa barata imitação do planeta, como se fosse Galileu produzindo uma prova diante do tribunal da inquisição. Quando ouviu os passos dela, a inquietação já era insuportável. E, ao vê-la a cinco metros, caminhando de braços e lábios abertos para ele, novamente o peixe, fisgado, começou a debater-se, lutando para escapar entre os botões da braguilha, e ele outra vez precisou abaixar-se e simular que amarrava os sapatos, para o peixe não se debater à vista de todos, ao sol do meio-dia.

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